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Policial penal acusado de matar professor de dança em Olinda vai para o banco dos réus

Justiça marcou a audiência de instrução e julgamento de Claudomerisson José do Nascimento. Crime ocorreu após réu ser xingado, em 4 de maio deste ano
  • Categoria: Pernambuco
  • Publicação: 20/06/2024 10:08
  • Autor: Raphael Guerra

O policial penal Claudomerisson José do Nascimento, de 54 anos, que confessou ter sido o responsável pelos tiros que mataram o professor de dança Marlon de Melo de Freitas da Luz, 31, durante uma briga de trânsito em Olinda, vai sentar no banco dos réus. A Justiça marcou a audiência de instrução e julgamento para o dia 25 de novembro deste ano.

Na ocasião, testemunhas de acusação e de defesa serão ouvidas na Vara do Tribunal do Júri da Comarca de Olinda. O réu também será interrogado, com a possibilidade de se manter em silêncio.

Na sequência, haverá a fase de alegações finais, quando a acusação, representada pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE), e a defesa do policial penal apresentarão suas teses. Após essa etapa, a Justiça vai decidir se Claudomerisson irá a júri popular.

De acordo com a denúncia do MPPE, as investigações da Polícia Civil indicaram que o crime, ocorrido na manhã de 4 de maio deste ano, foi motivado por uma briga de trânsito na Avenida Antônio da Costa Azevedo, no bairro de Peixinhos. 

O professor de dança teria xingado o acusado, que efetuou tiros contra a vítima e fugiu do local sem prestar socorro. 

"A autoridade policial frisou que foram obtidas imagens de câmeras de segurança do local, dentre as quais foi possível observar o áudio do momento exato da discussão em que a vítima teria xingado o acusado em razão de desentendimento no trânsito e, logo em seguida, o estampido do disparo de arma de fogo. As imagens teriam captado o acusado fugindo do local com a arma de fogo na cintura", descreveu a decisão judicial que tornou o policial penal réu. 

Marlon foi baleado no tórax e no braço. O primeiro tiro perfurou o pulmão e se alojou na coluna dele. Após quatro dias internado, o professor faleceu no Hospital da Restauração, na área central do Recife. Ele deixou esposa e uma filha de 7 anos.

O policial penal responde pelo crime de homicídio qualificado e está preso no Centro de Observação e Triagem (Cotel), em Abreu e Lima, aguardando o julgamento. 

VERSÃO DO RÉU FOI DERRUBADA

Segundo relatos de amigos e familiares, Marlon havia encerrado uma aula e voltava para casa de moto quando o crime ocorreu. O policial penal, porém, deu outra versão à polícia. No mesmo dia em que atirou na vítima, ele se dirigiu até o Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), localizado no bairro do Cordeiro, Zona Oeste do Recife. Ele prestou uma queixa contra a vítima, alegando que teria sofrido uma tentativa de assalto e que agiu em legítima defesa.

"A partir da coleta de depoimentos de várias testemunhas, que elucidaram qual era o real contexto delitivo, bem como das diligências que emanam dos autos e da identificação da placa da motocicleta pilotada pelo denunciado, concluiu-se que não se tratava de uma tentativa de roubo, mas de um homicídio", citou a denúncia do MPPE. 

A denúncia apontou que o homicídio foi cometido por motivo fútil e sem dar chance de defesa à vítima. "Consta do caderno investigativo elementos que indicam que o agente (policial penal), a princípio, teria comunicado falsamente crime não ocorrido à autoridade policial, o que denota pretensão de tumultuar a regular instrução do feito", pontuou a decisão judicial, que também determinou a prisão preventiva do réu. 

No dia 8 de maio, Claudomerisson José do Nascimento, que é lotado na Paraíba, se apresentou na 9ª Delegacia de Homicídios, permaneceu em silêncio no depoimento, teve a arma de fogo apreendida e foi liberado. Ele só foi preso após a Justiça aceitar a denúncia do MPPE.

O policial penal também responde a processo administrativo instaurado pela Secretaria de Estado da Administração Penitenciária da Paraíba (Seap-PB). 

Fonte: JC Online