Metrô do Recife pede socorro. De novo
Nova quebra de trens do metrô nesta terça-feira (25/6) expõe, mais uma vez, o abandono do sistema sobre trilhos da Região Metropolitana do Recife
- Categoria: Pernambuco
- Publicação: 25/06/2024 14:34
- Autor: Roberta Soares
Foram pelo menos três paralisações em pouco mais de uma semana no Metrô do Recife. A mais recente, nesta terça-feira (25/6), quando uma composição quebrou, afetando o Ramal Jaboatão da Linha Centro. Falhas que comprometeram mais de 24 horas de operação, vale ressaltar. Esse é o cenário do sistema metropolitano sobre trilhos, que atende a 180 mil pessoas por dia na Região Metropolitana do Recife.
Nesta terça, segundo a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), por volta das 7h, um trem apresentou problemas entre as estações Floriano e Cavaleiro, em Jaboatão dos Guararapes. Segundo a CBTU, o trem seria rebocado, mas como a população desceu na via, o problema se agravou.
“A composição seria rebocada, mas infelizmente os passageiros desceram à via, ocasionando a paralisação de circulação dos trens entre Jaboatão e Cavaleiro na linha 02. A partir daí ficamos apenas com a via singela (trens nos dois sentidos numa única via), acarretando um atraso generalizado no sistema”, afirmou na nota. E seguiu explicando que a manutenção já tinha sido acionada para resolver o problema.
METRÔ DO RECIFE SOFRE COM SUCATEAMENTO E AUSÊNCIA DE INVESTIMENTOS
A recente quebra da Linha Centro do Metrô do Recife é mais um reflexo do sucateamento que o sistema metropolitano segue vivendo, mesmo no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Continua sobrevivendo de migalhas. Vivendo com uma contenção de mais de 50% do dinheiro para custeio, ou seja, para garantir a operação em si. Os recursos até são liberados ao longo do ano, mas à conta gotas e ainda assim insuficientes.
Em 2023, o custeio aprovado foi de R$ 112 milhões e chegou um pouco mais: R$ 124 milhões. Para 2024, subiu um pouco: foram aprovados R$ 132 milhões na Lei Orçamentária Anual (LOA). E 90% desse valor é voltado para a continuidade de contratos que garantem a operação. A folha de pagamento dos 1.700 metroviários não está incluída.
INTERVALOS GIGANTES, TRENS SUPERLOTADOS E PERDA DE DEMANDA
O único investimento aprovado até agora foram R$ 30 milhões que serão para a via permanente, tanto da Linha Centro quanto da Linha Sul. E como resultado da ausência de investimentos, o Metrô do Recife sofre com uma operação cada dia mais deficiente, com quebras e falhas como a desta segunda-feira.
Usar o sistema, que hoje tem uma tarifa mais cara do que a dos ônibus - R$ 4,25 -, é um martírio. Além das quebras, os trens operam lotados nos horários de pico devido à frota reduzida.
Os intervalos chegam a 20 minutos mesmo no pico, o que é inaceitável para um sistema metroviário e de alta demanda. A Linha Centro vem operando com apenas 8 ou 9 trens, mesmo no pico. Tem, ao total, 12 composições.
Já a Linha Sul opera com ainda menos: 6 a 7 trens no pico. “É o limite do mínimo”, reconhece Marcela Campos. Esse cenário de desestruturação provoca a perda de confiabilidade no sistema que, junto com as quebras, afasta cada vez mais o passageiro.
São apenas 180 mil passageiros nas duas linhas atualmente. Já foram quase o dobro. E nem o governo federal nem o governo de Pernambuco fazem nada pelo Metrô do Recife, que segue pedindo socorro.