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Trânsito: Recife começa a usar os semáforos inteligentes após muitos anos de espera

Foram muitos anos de espera. Equipamentos podem dar maior fluidez ao tráfego porque prevêem programação da rede semafórica em tempo real
  • Categoria: Pernambuco
  • Publicação: 08/07/2024 14:13
  • Autor: Roberta Soares

Foram muitos anos de espera e muitas críticas às últimas duas gestões municipais, mas, enfim, o Recife começou a usar os semáforos inteligentes, como são chamados os sinais que têm programação em tempo real e, dentro de um limite, consegue dar mais fluidez à circulação. O investimento inicial é de R$ 1,07 milhão e atenderá, por enquanto, apenas dois corredores de transporte, mas que são de extrema importância para a cidade: as Avenidas Antônio de Góes, principal via de saída da Zona Sul, e Abdias de Carvalho, na Zona Oeste.

Os semáforos inteligentes - oficialmente denominados semáforos adaptativos - permitem uma programação automática dos ciclos semafóricos a partir da análise do tráfego em tempo real Ou seja, mais tempo de verde para as vias por onde estão passando mais veículos - essa é a lógica. Na Antônio de Góes, que tem uma programação semafórica muito associada à Via Mangue, cujo tráfego no sentido subúrbio-Centro deságua nela, a nova tecnologia será usada em todo o corredor - algo próximo a 2 km.

Mas começou exatamente com a substituição dos semáforos instalados no cruzamento da Antônio de Góes com o Túnel Josué de Castro (túnel da Via Mangue), no bairro do Pina, que é um dos pontos mais problemáticos de todo o tráfego de saída da Zona Sul do Grande Recife.

Já na Abdias de Carvalho, corredor de conexão da Zona Oeste com a área central do Recife, os novos semáforos estão funcionando entre a Chesf, no Bongi, e a sede do Sport, na Ilha do Leite. Juntos, os dois corredores recebem mais de 140 mil veículos diariamente e são corredores de ônibus importantes não só para a capital, mas para toda a Região Metropolitana do Recife.

EXPECTATIVA DE GANHOS NA CIRCULAÇÃO

Josenildo Gomes - ASCOM CTTU
Recife começa a usar os semáforos inteligentes após muitos anos de espera - Josenildo Gomes - ASCOM CTTU

A expectativa dos técnicos da Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU) é que, com o uso dos semáforos adaptativos, os ciclos semafóricos fiquem mais próximos à necessidade do volume de tráfego do momento. Alegam que essa flexibilidade vai garantir uma redução dos congestionamentos e tempos de espera devido à adaptação contínua ao comportamento do tráfego nas vias.

E que vai ajudar, especialmente, em casos de grandes ocorrências que causem interdições temporárias de trânsito, como obras e manifestações. Haverá um melhor aproveitamento da malha viária e, ainda, representará mais oportunidade de travessias para pedestres, estima a CTTU.

“Haverá mais segurança e eficiência do trânsito com esses novos semáforos. Planejamos que haja redução de congestionamentos na via, agilidade nos reparos em caso de falha nos equipamentos, ajuste automáticos dos tempos de verde e vermelho de acordo com a condição do trânsito, mais segurança para pedestres nas travessias e, ainda, a Central de Operações de Trânsito vai ter um monitoramento em tempo real dessas atividades”, explica a presidente da CTTU, Taciana Ferreira.

ENTENDA A TECNOLOGIA DOS SEMÁFOROS INTELIGENTES

Os semáforos adaptativos são uma solução de engenharia de tráfego necessária para dar sobrevida à capacidade viária das ruas e avenidas. Eles permitem realizar uma programação em tempo real, equilibrada de acordo com o volume do tráfego das vias.

Ou seja, através de sensores, é possível programar mais tempo de verde para uma determinada rua ou avenida que está com mais veículos, em detrimento da outra, com menos tráfego, por exemplo. O sensor de volume, instalado na via, auxilia a programação.

Esse controle é feito por meio de câmeras com laços virtuais, links de comunicação e software que será capaz de atualizar a programação dos semáforos em tempo real, a depender do volume de veículos. Isso aumenta a capacidade e, consequentemente, melhora a fluidez nas vias de acordo com a demanda verificada pelos sensores.

INVESTIMENTO DE R$ 30 MILHÕES EM 2023

O primeiro passo para implantação dos semáforos inteligentes foi o investimento de R$ 30 milhões que a Prefeitura do Recife fez, em março de 2023, para aquisição de 200 novos controladores e nobreaks, que garantiram maior estabilidade à rede semafórica. 

Investimento feito, vale destacar, após dez anos de gestão municipal sob o comando do PSB. E foi o maior investimento em tecnologia de engenharia de tráfego realizado no Recife até hoje - também importante dizer.

Desde lá, o Recife conta com semáforos que se comunicam via 4G, o que garante menos defeitos e maior agilidade de conserto, caso necessário. Além disso, os nobreaks permitem o funcionamento dos grupos semafóricos por até três horas em caso de falta de energia.

INVESTIMENTO NECESSÁRIO PARA MELHORAR A PÉSSIMA IMAGEM DO TRÂNSITO DO RECIFE

O Recife estava mais do que atrasado no uso dos semáforos adaptativos na malha viária da capital. Muitas cidades já adotaram a tecnologia, como é o caso de São Paulo (SP), Porto Alegre (RS), Belo Horizonte (MG), Vitória do Espírito Santo (ES), Osasco (SP) e Duque de Caxias (RJ).

Além disso, a capital tem um dos piores trânsitos do Brasil, apontados a partir de registro de índices de congestionamentos feitos por aplicativos de geolocalização. A última pesquisa que apontou esse cenário foi divulgada em setembro de 2023.  Segundo o ranking das cidades brasileiras que viram o volume de tráfego explodir em 2023, o Recife é a segunda capital do Nordeste que mais se destacou nas retenções de trânsito.

A capital pernambucana, inclusive, deixou para trás monstros da imobilidade urbana como São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo. A cidade viu os congestionamentos aumentarem 23% em 2023 em relação com 2022. Perdeu apenas para Fortaleza, que liderou a lista nordestina, com o crescimento dos índices de congestionamento em 30%.

O ranking foi divulgado pelo Waze, aplicativo de orientação e navegação de trânsito usado por mais de 115 milhões de pessoas por mês no mundo, que percorrem uma média de 28 bilhões de quilômetros.

Fonte: JC Online