Notícias

Governo Lula Determina Fim do Teletrabalho no INSS a Partir de Agosto

Servidores acusam ministro Carlos Lupi de “politicagem” ao afirmar que retorno ao trabalho presencial vai melhorar atendimento
  • Categoria: Política
  • Publicação: 12/07/2024 10:26
  • Autor: Flávia Said

A partir de agosto, os servidores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) deixarão o regime de teletrabalho, conforme determinação do presidente do órgão, Alessandro Stefanutto. Em comunicado oficial, Stefanutto solicitou que as unidades apresentem, até 22 de julho, um plano detalhado para desmobilização do trabalho remoto, justificando qualquer permanência excepcional de servidores nesse regime.

A decisão gerou críticas entre os servidores, que veem "politicagem" por parte do ministro da Previdência Social, Carlos Lupi. Eles argumentam que a mudança não resolverá os problemas de atendimento e que a falta de equipamentos adequados no trabalho presencial demandaria investimentos bilionários. Alegam ainda que o home office quase dobrou a produtividade, sendo crucial para a redução da fila de espera.

Os servidores estão buscando diálogo com a gestão do INSS para negociar uma solução que mantenha os benefícios do teletrabalho, ao mesmo tempo em que se retoma o atendimento presencial. Em entrevista ao Metrópoles, Stefanutto assegurou que a transição será gradual e ressaltou que o trabalho remoto deve servir aos interesses do órgão e dos segurados, sem ser considerado um direito adquirido.

Stefanutto destacou que o público atendido pelo INSS, composto principalmente por pessoas mais velhas e em situação de vulnerabilidade, muitas vezes não possui habilidades tecnológicas para acessar serviços virtuais. Ele mencionou a importância do atendimento presencial para esses casos e a necessidade de gestores estarem fisicamente presentes para uma melhor administração.

No entanto, Stefanutto reconheceu a resistência dos servidores e a importância de uma negociação tranquila e bem conduzida. Ele afirmou que o trabalho remoto continuará sendo uma opção, mas em conformidade com as práticas da Esplanada dos Ministérios e do setor privado, especialmente para servidores que analisam processos, com aumento nas metas de desempenho.

Ameaça de Greve

A Federação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social (Fenasps) notificou o governo sobre uma possível greve a partir da próxima terça-feira (16/7). A paralisação afetaria tanto os trabalhadores das cerca de 1,6 mil agências que atuam presencialmente quanto aqueles em home office.

A greve pode prejudicar serviços estratégicos, como a concessão de aposentadorias e análise de auxílio-doença, além de impactar o plano do ministro Lupi de reduzir a fila de espera do INSS para 30 dias até o final do ano. Também há riscos para o pente-fino em auxílios, parte do esforço de corte de gastos da equipe econômica.

Negociações em Curso

Nesta semana, a categoria rejeitou a proposta oficial de reestruturação da carreira do seguro social apresentada em 4 de julho, que incluía alongamento da carreira, ajustes na remuneração, criação de uma nova gratificação e reajustes salariais escalonados. Os servidores solicitaram uma nova proposta que considere mais de perto suas reivindicações e cumpra o acordo da greve de 2022, além de agendar nova reunião da Mesa Específica e Temporária do Seguro Social.

Stefanutto expressou desejo de atuar como intermediário para evitar a greve, destacando a essencialidade da atividade dos servidores do INSS. Ele afirmou que o ministro Lupi está pessoalmente envolvido nas negociações com altos escalões do governo para alcançar um acordo satisfatório que evite a paralisação.

Fonte: Metrópoles