Na tarde de 6 de julho, durante um festival de cultura negra em Nova Orleans, a vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, compartilhou sua trajetória e as realizações na Casa Branca. Esse tipo de evento tem sido uma constante em seus três anos e meio ao lado de Joe Biden, geralmente com uma cobertura de imprensa modesta em comparação ao presidente. No entanto, o número de repórteres acompanhando Harris aumentou à medida que surgiram especulações sobre ela substituir Biden nas próximas eleições.

Anúncio de Biden e Repercussão

Neste domingo (21), Biden anunciou oficialmente que não buscará a reeleição, indicando Harris como sua preferida para a candidatura do Partido Democrata. "Farei tudo ao meu alcance para unir o Partido Democrata – e unir nossa nação – para derrotar Donald Trump", declarou Harris em resposta ao endosso de Biden.

Harris, de 59 anos, ainda precisa ser confirmada pela Convenção Nacional Democrata, que ocorrerá em agosto, em Chicago. Desde o surgimento dos rumores sobre sua candidatura, analistas e institutos de pesquisa têm focado na viabilidade de Harris vencer Donald Trump.

Caminho à Frente

No evento de Nova Orleans, Harris incentivou a perseverança, dizendo: "As pessoas na sua vida vão dizer que não chegou sua hora. Não é sua vez. Ninguém como você já fez isso antes. Nunca dê ouvidos a isso."

O congressista Adam Schiff, da Califórnia, declarou à NBC que Biden precisaria "vencer de forma esmagadora ou passar a tocha para alguém que seja capaz". Schiff acredita que Harris tem o potencial para vencer Trump com folga.

Apoio e Desafios

Harris recebeu apoio de figuras influentes, como o ex-presidente Bill Clinton e Hillary Clinton, que a veem como a sucessora natural de Biden. Pesquisas indicam que Harris poderia ter um desempenho melhor que Biden em um confronto direto contra Trump, especialmente entre eleitores jovens, negros e latinos.

No entanto, Harris também enfrenta ceticismo dentro do próprio partido. Sua tentativa de se tornar a candidata democrata em 2020 foi interrompida antes das primárias, e seu mandato como vice-presidente tem sido marcado por baixos índices de aprovação e desafios na comunicação pública.

Estratégia e Expectativas

Como principal voz do governo em questões como direitos ao aborto, Harris tem se conectado com eleitores em temas como perdão de dívidas estudantis, mudanças climáticas e violência armada. A Casa Branca tem trabalhado para promovê-la de forma mais assertiva, mas ela ainda enfrenta a difícil tarefa de conquistar a confiança dos eleitores.

Enquanto alguns democratas sugerem alternativas como os governadores Gretchen Whitmer, Gavin Newsom e Josh Shapiro, a transição de Biden para Harris é vista por muitos como a mais estável. Os republicanos, por sua vez, reconhecem Harris como uma candidata vigorosa, com Trump a descrevendo como "patética" após um debate recente.

Futuro Incerto

A questão que permanece é se Harris pode realmente derrotar Trump. Pesquisas mostram uma leve vantagem para Harris sobre Biden em um confronto com Trump, mas especialistas alertam que os sentimentos dos eleitores podem mudar com a saída de Biden. A capacidade de Harris de aumentar a participação de eleitores jovens e minorias será crucial.

No festival de Nova Orleans, a empresária Iam Christian Tucker resumiu o sentimento de muitos eleitores: "Vou votar contra Donald Trump mais do que qualquer coisa." Já Greg Hovel, que apoiou Harris nas primárias de 2020, reconhece o desafio: "Acho que ela seria uma excelente presidente, mas existe um sentimento antimulher forte neste país."

Kamala Harris ainda tem um longo caminho pela frente, e sua capacidade de unir o Partido Democrata e mobilizar a base eleitoral será decisiva nos próximos meses.

Fonte: Correio Braziliense