Após dias de intensas pressões, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, decidiu não buscar a reeleição. A decisão atende ao clamor de aliados, mas coloca o Partido Democrata em uma situação complicada, sem um substituto definido, enquanto Donald Trump se consolida como candidato oficial dos republicanos.

Pressão e Debate Desastroso

Desde sua performance desastrosa no debate de junho, Biden enfrentava críticas dentro do próprio partido. A capacidade física do presidente para liderar o país por mais quatro anos foi um ponto central nas discussões. Embora Biden não tenha detalhado os motivos de sua desistência, ele afirmou em um comunicado que a decisão foi tomada no melhor interesse do partido e do país. "Embora minha intenção fosse buscar a reeleição, acredito que é do interesse do meu partido e do país que eu me concentre exclusivamente no cumprimento dos meus deveres como presidente pelo restante do meu mandato", disse Biden.

Apoio a Kamala Harris

O anúncio foi feito em uma carta publicada na rede social X (antigo Twitter), na qual Biden agradeceu à vice-presidente Kamala Harris por seu trabalho. Em uma publicação subsequente, Biden expressou seu apoio para que Harris seja a indicada do partido. No entanto, outros nomes como o governador da Califórnia, Gavin Newsom, a governadora de Michigan, Gretchen Whitmer, e o governador de Kentucky, Andy Beshear, também são cogitados para a candidatura.

Análise de Especialistas

Paulo Velasco, professor de política internacional da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), comentou sobre a demora de Biden em tomar essa decisão, apesar das pressões internas. "A desistência de Biden responde a pressões evidentes dentro do Partido Democrata e de doadores, mas é uma decisão que demorou a ser tomada. O terrível debate em que o mundo inteiro percebeu as limitações cognitivas de Biden ocorreu há mais de três semanas. Foram três semanas de alguma forma perdidas para uma transição que não é simples", disse Velasco.

O professor enfatizou que, apesar do apoio de Biden a Kamala Harris, ela ainda precisa conquistar amplo apoio dentro do partido. "A campanha de Trump se vê em vantagem porque agora nem sequer se sabe quem será o candidato do Partido Democrata. A vantagem que já era robusta é maior ainda. O Partido Democrata precisava de um fato novo, algo que desse impulso à campanha", completou Velasco.

Tentativa de Assassinato a Trump

Outro evento que marcou a corrida eleitoral foi a tentativa de assassinato contra o ex-presidente Donald Trump, que levou um tiro de raspão na orelha direita durante um comício em Butler, Pensilvânia. Um espectador morreu, e o atirador, Thomas Matthew Crooks, de 20 anos, foi morto por agentes. O FBI está investigando o incidente como uma tentativa de homicídio e possível terrorismo doméstico.

Em seu primeiro discurso após o atentado, Trump mencionou o episódio: "Eu não deveria estar aqui esta noite". O discurso, que durou mais de uma hora e meia, começou com um tom conciliador, mas logo voltou a atacar seus opositores.

Fonte: Metrópoles