Lula Responde a Maduro: “Quem Perde Toma Um Banho de Voto, Não de Sangue”
Presidente brasileiro critica ameaças de violência do venezuelano e pede respeito ao processo democrático
- Categoria: Política
- Publicação: 22/07/2024 14:00
- Autor: Thamirys Andrade
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criou o silêncio e comentou diretamente sobre as ameaças de Nicolás Maduro de um “banho de sangue” e um possível caso de “guerra civil” nas eleições na Venezuela. Em entrevista concedida a agências internacionais no Palácio da Alvorada nesta segunda-feira (22), Lula expressou preocupação com as declarações do colega venezuelano e enfatizou a importância de especificações do processo eleitoral.
Lula afirmou estar “assustado” com as declarações de Maduro e ressaltou a necessidade de que o líder venezuelano entenda o processo democrático. “Quem perde as eleições toma um banho de voto. O Maduro tem que aprender: quando você ganha, você fica; quando você perde, você vai embora”, exortou o presidente brasileiro, enfatizando que a liberdade dos resultados eleitorais é um pilar fundamental da democracia.
O chefe do Executivo brasileiro também destacou a importância de um processo eleitoral transparente e reconhecido internacionalmente para a Venezuela. “A única chance da Venezuela voltar à normalidade é ter um processo eleitoral que seja respeitado por todo o mundo”, afirmou Lula. Ele acrescentou que, se Maduro quiser contribuir para a recuperação do país e o retorno das pessoas que emigraram, deve respeitar o processo democrático.
Mudança de Postura
A declaração de Lula marca uma mudança em sua postura em relação à Venezuela. Anteriormente, o presidente havia mostrado relutante em criticar diretamente o regime de Maduro. Na sexta-feira passada (19), Lula havia comentado de forma mais genérica, destacando que as questões internas dos países vizinhos não deveriam afetar as relações diplomáticas.
“Por que eu vou querer brigar com a Venezuela? Por que eu vou querer com a Nicarágua? Por que eu vou querer com a Argentina? Eles que elejam os presidentes que quiserem. O que me interessa é a relação de Estado para Estado”, disse Lula anteriormente.
Ameaças e Tensão na Venezuela
As ameaças de Maduro foram proferidas durante um comício em Caracas na quarta-feira (17). O presidente venezuelano alertou para uma possível “guerra civil” se a direita, segundo ele “fascista”, vencer as eleições. Maduro também fez referência a possíveis desestabilizações e privatizações de direitos sociais, destacando a necessidade de proteger o país de uma “entrega” de território e direitos.
No último sábado (20), Maduro renovou suas ameaças, destacando que o futuro da Venezuela seria decidido em 28 de julho, data das eleições. Ele comparou a possibilidade de uma importação venezuelana com um cenário de “convulsão, violência e conflitos”.
Apesar das declarações assertivas de Maduro, pesquisas independentes indicam uma liderança significativa para a oposição. De acordo com um levantamento do Centro de Estudos Políticos e Governamentais da Universidade Católica Andrés Bello (CEPyG-UCAB) e da empresa Delphos, o candidato opositor Edmundo González Urrutia liderou com 59,1% das intenções de voto, enquanto Maduro tem apenas 24, 6%.
A crítica de Lula reflete uma crescente preocupação internacional com a estabilidade política na Venezuela e ressalta a necessidade de um processo eleitoral legítimo e pacífico.
Fonte: Pleno News