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Maduro Eleva Retórica Contra Brasil às Vésperas das Eleições Venezuelanas

Presidente venezuelano critica sistema eleitoral brasileiro e debocha de preocupações de Lula sobre processo democrático
  • Categoria: Política
  • Publicação: 25/07/2024 09:33
  • Autor: Junio Silva

Com a aproximação das eleições presidenciais na Venezuela, o presidente Nicolás Maduro intensificou suas críticas ao Brasil e aos países vizinhos, além de ironizar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Essa escalada retórica surge em meio às crescentes preocupações internacionais sobre a legitimidade do processo eleitoral venezuelano.

Declarações Polêmicas e Reações

Maduro, que não lidera nas pesquisas de intenção de voto, fez declarações alarmantes sobre a possibilidade de um "banho de sangue" caso seu adversário, o ex-diplomata Edmundo González, vença as eleições no próximo domingo (28). Essas afirmações geraram inquietação em Brasília, onde Lula expressou seu espanto e sublinhou a necessidade de um processo eleitoral que seja reconhecido globalmente.

Durante um evento com apoiadores, Maduro zombou das preocupações de Lula, sugerindo que aqueles que se assustaram com suas declarações tomassem “chá de camomila”. Ele também criticou duramente o sistema eleitoral brasileiro, defendendo a soberania venezuelana e pedindo que os países vizinhos não interfiram nos assuntos internos da Venezuela.

Decisão do TSE e Envio de Observadores

Em resposta aos ataques de Maduro, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) do Brasil decidiu não enviar observadores para acompanhar o pleito venezuelano. Em nota, o TSE reafirmou a segurança e a auditabilidade das urnas eletrônicas brasileiras, rejeitando as falsas alegações feitas por Maduro.

Apesar da retirada dos observadores técnicos, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal devem indicar representantes, e o presidente Lula enviará seu assessor especial para assuntos internacionais, Celso Amorim, para acompanhar as eleições.

Contexto Político e Internacional

Maduro, que assinou um acordo com a oposição em 2023 para garantir eleições livres, enfrenta acusações de minar o processo democrático. A oposição venezuelana denunciou perseguições e prisões arbitrárias de seus membros, além de dificuldades para registrar candidatos.

A pesquisadora Stephanie Braun, do Observatório Político Sul-Americano da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, observa que as declarações de Maduro refletem uma postura defensiva, sugerindo um apelo antecipado por reconhecimento regional dos resultados eleitorais. Braun destaca que o risco de fraude não está nas urnas, mas nas ações governamentais que desestimulam a participação eleitoral, como a prisão de apoiadores da oposição e a falta de campanhas informativas.

Essa situação complexa e tensa sublinha a importância de um processo eleitoral transparente e reconhecido internacionalmente para a estabilidade futura da Venezuela e suas relações com os países vizinhos.

Fonte: Metrópoles