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Brasil Silencia sobre Eleições na Venezuela em Meio a Acusações de Fraude

Governo Lula adota postura cautelosa enquanto oposição venezuelana alega irregularidades no processo eleitoral.
  • Categoria: Política
  • Publicação: 29/07/2024 09:46
  • Autor: Raul Holderf Nascimento

O governo brasileiro, liderado por Luiz Inácio Lula da Silva, manteve-se em silêncio após a declaração de vitória de Nicolás Maduro nas eleições presidenciais realizadas no último domingo, 28. Até a madrugada de segunda-feira, 29, o Brasil não havia se pronunciado sobre o resultado controverso, contrastando com as reações imediatas de outros países da América do Sul.

Acusações de Fraude

A oposição venezuelana denuncia fraudes eleitorais, afirmando que não teve acesso a 70% das atas eleitorais. Eles alegam que sessões eleitorais em áreas favoráveis a Maduro permaneceram abertas além do horário previsto, enquanto em regiões opositoras houve relatos de intimidação e obstáculos para votar.

Observação Brasileira

Celso Amorim, assessor de assuntos internacionais do Planalto, foi enviado a Caracas como observador. Em uma nota divulgada na noite de domingo, Amorim declarou que aguardaria o posicionamento dos observadores internacionais permitidos pelo regime de Maduro. Ele destacou que ambos os lados deveriam respeitar o resultado, mencionando a necessidade de esperar o fechamento de todas as urnas.

Reações Internacionais

A postura do governo brasileiro é única na região. Além da Bolívia, Guiana e Suriname, todos os outros países sul-americanos expressaram preocupação com a demora na apuração e as suspeitas de fraude. Mesmo governos de esquerda, como os de Gabriel Boric no Chile e Gustavo Petro na Colômbia, foram mais críticos em relação a Maduro do que o Brasil.

Relações Brasil-Venezuela

As relações entre Brasil e Venezuela foram retomadas com a volta do PT ao poder em 2023. Durante o governo de Jair Bolsonaro, o Brasil havia reconhecido Juan Guaidó como presidente legítimo da Venezuela e rompido relações com o chavismo. Sob a liderança de Mauro Vieira e Celso Amorim, a diplomacia brasileira trabalhou para restabelecer laços com Maduro, citando dívidas de cerca de US$ 1,27 bilhão de empresas brasileiras com a Venezuela. O Brasil nomeou Glivânia Maria de Oliveira como embaixadora em Caracas e recebeu o embaixador venezuelano Manuel Vadell em Brasília.

Nos primeiros meses de governo, Lula ofereceu apoio diplomático e político a Maduro, recebendo-o com honras no Planalto em maio passado, durante uma reunião com chefes de Estado sul-americanos para relançar a União de Nações Sul-Americanas (Unasul). Esse apoio foi criticado por outros líderes da região, especialmente Gabriel Boric e Luis Lacalle Pou, que reprovaram a reabilitação dada por Lula ao líder venezuelano.

Acordos e Tensões

Em 2023, Brasil, Colômbia, Estados Unidos e União Europeia patrocinaram um acordo entre a oposição e o chavismo para garantir eleições justas na Venezuela em troca da retirada de sanções. Contudo, Maduro progressivamente desrespeitou os acordos, proibindo María Corina Machado de disputar a eleição e dificultando a inscrição de outros candidatos, além de impossibilitar o voto dos venezuelanos no exterior.

No final do ano passado, Maduro organizou um plebiscito para anexar uma parte da Guiana reivindicada pela Venezuela, aumentando a tensão militar na região. Mais uma vez, a diplomacia brasileira evitou condenar a agressão chavista de forma assertiva.

Conclusão

A postura cautelosa do governo brasileiro frente às eleições venezuelanas e às acusações de fraude reflete uma estratégia diplomática diferenciada na região, destacando o retorno das relações com o regime chavista e uma abordagem menos confrontadora em comparação com outros países sul-americanos.

Fonte: Conexão Política