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Novo Fóssil de Dinossauro Revela Segredos do Passado

Descoberta de fóssil de dinossauro carnívoro data de 233 milhões de anos e oferece insights sobre a origem dos dinossauros.
  • Categoria: Brasil
  • Publicação: 29/07/2024 10:13
  • Autor: Henrique Fregonasse*

O Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia (Cappa) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) fez uma descoberta marcante com a identificação de um fóssil quase completo de um dinossauro carnívoro do grupo Herrerasauridae. Encontrado em maio no sítio fossilífero de São João do Polêsine, no Rio Grande do Sul, o fóssil possui uma idade estimada em 233 milhões de anos.

Importância da Descoberta

O paleontólogo Rodrigo Temp Müller, líder da equipe de pesquisa, destacou que o espécime tem cerca de 2,5 metros de comprimento e é o segundo fóssil mais completo desse tipo já descoberto globalmente. A importância da descoberta reside na possibilidade de aprofundar o conhecimento sobre a evolução dos dinossauros, especialmente os primeiros predadores bípedes.

"A análise preliminar revela que se trata de um carnívoro, com dentição característica dos predadores. No entanto, ainda é necessário um exame mais detalhado para determinar se representa uma nova espécie ou uma já conhecida", explicou Müller.

Impacto para a Paleontologia

Álamo Feitosa Saraiva, paleontólogo da Universidade Regional do Cariri (URCA), enfatizou a relevância mundial da descoberta. "Espécimes desse período são extremamente raros, e a maioria dos dinossauros conhecidos vem de períodos posteriores. A preservação de um dinossauro quase completo deste grupo basal é fundamental para entender a origem dos dinossauros", comentou Saraiva.

A preservação excepcional do fóssil é atribuída às características raras das rochas sedimentares da região, que têm mostrado um "milagre paleontológico" ao permitir a preservação de fósseis antigos. Saraiva lembrou que a mesma área produziu, em 2012, o fóssil do Macrocollum, o primeiro dinossauro completo encontrado no Brasil.

Influência das Enchentes

As intensas chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul em maio desempenharam um papel duplo. Elas ajudaram a revelar novos fósseis através da erosão, mas também causaram danos aos materiais expostos. A equipe do Cappa intensificou seus esforços para proteger e recuperar fósseis durante o período de enchentes.

Rodrigo Müller relatou que a erosão causada pelas chuvas foi benéfica para a exposição de novos fósseis, mas também trouxe desafios significativos. "Alguns materiais menores foram perdidos devido à erosão, e se não tivéssemos chegado a tempo, talvez não teríamos conseguido recuperar o espécime encontrado", afirmou.

Esforços de Repatriação

Além da descoberta, a paleontologia brasileira continua a avançar com esforços para a repatriação de fósseis. Desde 2014, Álamo Feitosa Saraiva tem trabalhado na proteção e repatriação de fósseis brasileiros, incluindo dois casos importantes no último ano: o retorno do fóssil de Ubirajara Jubatus à Ceará e a repatriação de 998 fósseis da França.

"Esse processo é complexo e demorado, mas a cada repatriação bem-sucedida, estamos mais próximos de garantir que o patrimônio fossilífero brasileiro seja preservado e estudado no país", concluiu Saraiva.

Conclusão

A descoberta do fóssil de dinossauro carnívoro em São João do Polêsine não só destaca a importância da região para a paleontologia, mas também reforça a necessidade de contínuos esforços para proteger e estudar o rico patrimônio fossilífero do Brasil. Com as novas descobertas e repatriações, o conhecimento sobre a evolução dos dinossauros continua a se expandir, oferecendo novas perspectivas sobre o passado distante da Terra.

Fonte: Correio Braziliense