Em uma decisão que aprofunda ainda mais a crise política na Venezuela, o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), controlado pelo chavismo, reconheceu oficialmente a vitória de Nicolás Maduro nas eleições presidenciais de julho, apesar das alegações de fraude e contestação internacional. Em uma sentença que muitos consideram um golpe fatal para a democracia no país, o TSJ declarou "irreversível" o resultado e proibiu a divulgação das atas eleitorais que poderiam comprovar o verdadeiro vencedor do pleito.

O documento, que deveria estar acessível ao público como prova de transparência, será mantido sob controle exclusivo do tribunal. "O material eleitoral avaliado está certificado de forma inquestionável", afirmou a Suprema Corte, reforçando a narrativa oficial de que os resultados divulgados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), órgão também dominado por aliados de Maduro, são legítimos.

O TSJ foi além, estabelecendo que qualquer tentativa de questionar o resultado pode resultar em exclusão dos futuros processos eleitorais. Essa decisão visa, claramente, silenciar o principal opositor de Maduro, Edmundo González Urrutia, que já foi acusado pela Corte de desacato por não comparecer às audiências convocadas. González, temendo ser preso, decidiu não comparecer, o que pode resultar em "sanções", segundo o tribunal.

A oposição, por sua vez, sustenta que González venceu as eleições com 67% dos votos, em contraste gritante com os 30% atribuídos a Maduro. Para reforçar essa alegação, foram divulgadas cópias das atas eleitorais no site resultadosconvzla.com, permitindo que o público verifique os dados. No entanto, em um país onde as instituições estão amplamente controladas pelo governo, a verdade parece cada vez mais distante.

González, em resposta à decisão do TSJ, publicou em suas redes sociais uma imagem da sentença com a palavra "nula" estampada sobre ela, destacando que "a soberania reside intransferivelmente no povo", citando o artigo 5 da Constituição venezuelana. Essa citação sublinha a crescente desconexão entre o governo e o desejo popular, em um cenário onde a democracia parece cada vez mais sufocada.

A decisão do TSJ, que muitos consideram previsível, lança dúvidas ainda mais profundas sobre o futuro político da Venezuela, onde a oposição se vê cada vez mais marginalizada e o controle de Maduro sobre as instituições permanece firme. As implicações desta decisão, tanto internamente quanto no cenário internacional, ainda estão por vir, mas é claro que a tensão política no país só tende a aumentar.

Fonte: Pleno News