Com o fim do inverno e a chegada de temperaturas mais altas, as praias pernambucanas voltam a atrair um grande número de banhistas, mas a busca por lazer pode esconder perigos sérios. O aumento no número de afogamentos e a constante ameaça de ataques de tubarões na costa do estado exigem que a população redobre os cuidados durante a visita ao litoral. Recentes tragédias e fenômenos naturais reforçam a necessidade de atenção redobrada.

No mês de agosto, dois casos de afogamento chocaram a região. No dia 18, dois turistas, um libanês de 31 anos e seu amigo paranaense de 37, morreram afogados na Praia do Cupe, em Ipojuca, quando foram surpreendidos pela maré alta. Dias antes, em 10 de agosto, um jovem de 19 anos perdeu a vida após se afogar na Praia de Boa Viagem, um dos pontos turísticos mais famosos do Recife. Esses incidentes acendem o alerta sobre os riscos ocultos do mar, como as correntes de retorno, que podem ser fatais.

O Perigo das Marés e Correntes de Retorno

As marés altas são uma das principais causas de afogamentos. Muitos banhistas, atraídos pela calmaria aparente do mar raso, não percebem o rápido aumento do nível da água, causado pela força gravitacional do Sol e da Lua. Essa força, quando combinada com o alinhamento dos astros, pode elevar as marés a níveis perigosos, tornando a natação e o mergulho extremamente arriscados.

Outro fator de risco é a corrente de retorno, uma forte corrente formada pelo acúmulo de água na parte rasa da praia, que é empurrada de volta ao mar com grande velocidade. Essas correntes podem atingir velocidades de até 3,5 metros por segundo, arrastando banhistas desavisados para longe da costa. Segundo o tenente-coronel Ramos, do Grupamento de Bombeiros Marítimo (GBMar), é essencial que os banhistas mantenham a água na altura da cintura e fiquem atentos às orientações dos guarda-vidas.

Reconhecendo e Evitando Perigos

Embora as correntes de retorno possam parecer invisíveis, há sinais que permitem identificá-las. A água nas áreas afetadas costuma ser marrom e descolorida, com menos ondas quebrando e temperaturas mais baixas. Além disso, a ressaca do mar, caracterizada por ondas mais altas e violentas, aumenta ainda mais os riscos de afogamento. Em dias de ressaca, é altamente recomendado que os banhistas evitem entrar no mar.

Ataques de Tubarões e Outros Riscos Marítimos

Desde 1992, Pernambuco registrou 67 ataques de tubarões, com 26 mortes. Em 2023, três novos incidentes foram registrados, dois dos quais resultaram em amputações. Mesmo com a presença de placas de aviso, muitos banhistas ignoram os perigos e entram em áreas proibidas, especialmente nas praias de Boa Viagem e Piedade, que concentram o maior número de incidentes.

A Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco (Semas) tem trabalhado na instalação de novas placas informativas, com 150 equipamentos previstos para os próximos meses. A Semas também lançou um conjunto de 30 ações estratégicas para mitigar esses riscos, abrangendo desde infraestrutura até educação ambiental e parcerias institucionais.

Outros Riscos: Caravelas Portuguesas e Peixe-Leão

Além dos tubarões, outros perigos marinhos, como a caravela portuguesa e o Peixe-Leão, também ameaçam os banhistas. A caravela portuguesa, com seus tentáculos urticantes, pode causar queimaduras graves, enquanto o Peixe-Leão, uma espécie invasora, possui espinhos venenosos que podem ser perigosos ao contato. A Semas lançou, em maio deste ano, um plano de ação para monitorar e controlar a bioinvasão do Peixe-Leão em Pernambuco, com recursos destinados à pesquisa e prevenção.

Conclusão

O litoral pernambucano, embora belo e convidativo, exige uma postura de cautela e respeito aos sinais de perigo. Com o aumento no número de banhistas durante o verão, a conscientização e a prevenção são essenciais para evitar tragédias. As autoridades reforçam a importância de seguir as orientações de segurança, respeitar as placas de aviso e estar sempre atento às condições do mar. O lazer e o relaxamento nas praias devem sempre estar acompanhados de prudência, para que todos possam aproveitar o litoral em segurança.

Fonte: Diário de Pernambuco