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Vacinação Contra a Dengue: 281 Mil Crianças e Adolescentes Não Retornaram para a Segunda Dose

Falta de Informação e Desconfiança São Obstáculos à Imunização Completa, Alertam Especialistas
  • Categoria: Brasil
  • Publicação: 02/09/2024 09:47
  • Autor: Mayara Souto

Um levantamento recente revela um cenário preocupante na imunização contra a dengue em diversas regiões do Brasil. Pelo menos 281 mil crianças e adolescentes, que receberam a primeira dose da vacina, ainda não retornaram aos postos de saúde para completar o esquema vacinal com a segunda dose. Esse dado alarmante foi obtido por meio de informações fornecidas por seis entes federativos, incluindo o Distrito Federal, e evidencia um desafio significativo para as autoridades de saúde.

Panorama por Estados

Entre os estados com os maiores números de faltantes, Goiás se destaca. Dos 209,6 mil jovens de 6 a 16 anos que tomaram a primeira dose, apenas 43,9 mil retornaram para a segunda. Isso significa que mais de 122 mil crianças e adolescentes goianos, que já completaram o intervalo de 90 dias entre as doses, ainda não estão totalmente imunizados.

O Distrito Federal ocupa o segundo lugar nesse ranking preocupante. Cerca de 182 mil jovens entre 10 e 14 anos estão aptos a receber a vacina. Contudo, menos da metade iniciou a imunização, e apenas 23,4 mil tomaram a segunda dose, deixando quase 40 mil adolescentes sem a proteção completa.

No Espírito Santo, a situação não é diferente. Das 174 mil pessoas na faixa etária de 10 a 14 anos, apenas 72 mil tomaram a primeira dose e somente 16 mil completaram o esquema vacinal. Esse padrão se repete na Paraíba, Rio Grande do Norte e Santa Catarina, estados onde a cobertura da segunda dose também está muito aquém do esperado.

Causas da Baixa Adesão

A enfermeira epidemiologista Aline Almeida, com 14 anos de experiência no Sistema Único de Saúde (SUS), acredita que a baixa adesão à segunda dose da vacina contra a dengue é resultado de múltiplos fatores. "A falta de informação adequada, tanto para a comunidade quanto para os profissionais de saúde, contribui significativamente para essa baixa cobertura", afirma Almeida.

Ela destaca ainda que pequenos eventos adversos, como dor no local da aplicação, podem desencorajar os pacientes a retornarem para a segunda dose. Além disso, a hesitação vacinal, exacerbada durante a pandemia por fake news e desinformação, ainda é um obstáculo que afeta diversas vacinas, incluindo a da dengue.

Estratégias de Combate e Conscientização

Para enfrentar esse desafio, a enfermeira sugere a intensificação das ações de busca ativa, onde profissionais de saúde visitam as casas daqueles que não completaram o esquema vacinal. A realização de campanhas de vacinação em escolas também é vista como uma estratégia crucial, especialmente após a retomada do programa Saúde nas Escolas pelos ministérios da Saúde e da Educação.

Desde o início da vacinação contra a dengue em fevereiro deste ano, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, tem demonstrado preocupação com a cobertura vacinal. Em recente encontro com jornalistas, a ministra reforçou a necessidade de uma campanha intensiva para que os pais vacinem seus filhos. Ela também adiantou que o Ministério da Saúde apresentará, ainda em setembro, um plano de contingência da dengue, que incluirá ações preventivas e de controle do vetor, além de medidas para aumentar a adesão à vacinação.

Conclusão

A situação da vacinação contra a dengue no Brasil exige uma resposta rápida e eficaz. Com milhares de crianças e adolescentes ainda vulneráveis ao vírus, é essencial que as autoridades de saúde, educadores e a sociedade civil unam esforços para garantir que todos recebam a proteção completa. Somente com uma cobertura vacinal adequada será possível controlar a disseminação da dengue e proteger as futuras gerações.

Fonte: Correio Braziliense