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Justiça venezuelana emite ordem de prisão contra Edmundo González após alegações de fraude eleitoral

Candidato denuncia manipulação nas eleições de julho e recusa convocação judicial, enquanto regime de Maduro intensifica perseguição.
  • Categoria: Internacional
  • Publicação: 03/09/2024 11:46
  • Autor: Pedro Grigori

O Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela, amplamente controlado pelo regime de Nicolás Maduro, emitiu uma ordem de prisão contra Edmundo González, candidato que participou das últimas eleições presidenciais em julho deste ano. A decisão foi tomada a pedido da Procuradoria-Geral do país, alinhada ao governo chavista, poucas horas após o órgão acusar González de ignorar três intimações para prestar depoimento.

González é investigado por uma série de acusações graves, incluindo "usurpação de funções, falsificação de documentos públicos, instigação à desobediência às leis, crimes de informática, associação para cometer crimes e conspiração", conforme detalha o comunicado do Ministério Público. O candidato, que se recusa a comparecer às convocações judiciais, denunciou o que descreve como uma violação flagrante dos direitos constitucionais e legais do Poder Eleitoral venezuelano.

Em uma carta publicada após a primeira intimação, González justificou sua ausência nas convocações, citando a falta de transparência e alegando que sua presença no tribunal colocaria em risco não apenas sua liberdade, mas também a vontade popular expressa nas urnas em 28 de julho. "Se compareço à Sala Eleitoral nessas condições, estarei em absoluta vulnerabilidade por desamparo e violação do devido processo", escreveu ele.

A ordem de prisão ocorre em um momento de alta tensão política na Venezuela. González foi um dos principais críticos do processo eleitoral que, segundo ele, foi marcado por fraudes. Nicolás Maduro foi declarado vencedor pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), com 52% dos votos, garantindo sua reeleição para um terceiro mandato. No entanto, a oposição, liderada por María Corina Machado, alega que Edmundo González venceu o pleito com 67% dos votos, com base em cópias das atas eleitorais que circulam na internet. O regime chavista, por sua vez, desqualificou essas evidências, classificando-as como "forjadas".

Em 24 de agosto, o TSJ validou os resultados das eleições, reforçando a posição de Maduro e acusando González de "desacato" por se recusar a comparecer às audiências de perícia sobre o material eleitoral. Essa decisão fortaleceu ainda mais a repressão contra a oposição, que continua a contestar os resultados oficiais.

Além das acusações eleitorais, o procurador-geral Tarek William Saab responsabilizou Edmundo González e María Corina Machado pelos violentos protestos que eclodiram após as eleições, resultando em 27 mortos, entre eles dois militares, quase 200 feridos e mais de 2,4 mil prisões. A narrativa oficial do governo atribui a esses líderes oposicionistas a culpa pela violência, enquanto a oposição denuncia a repressão brutal como parte de uma estratégia do regime para silenciar qualquer dissidência.

A situação de González ilustra o crescente cerco do governo de Maduro contra figuras oposicionistas e reforça a percepção internacional de que o processo eleitoral na Venezuela está longe de ser justo ou transparente. A perseguição a González e outros opositores representa mais um capítulo na complexa e turbulenta crise política que continua a assolar o país.

Fonte: Correio Braziliense