Incêndios na Amazônia Atingem Níveis Críticos e Fumaça se Espalha pelo Sul do Brasil
Com recorde de focos de calor, clima extremo traz impactos ambientais e sociais graves em várias regiões do país
- Categoria: Brasil
- Publicação: 04/09/2024 09:14
- Autor: Juliana Sousa
O mês de setembro, tradicionalmente marcado por condições climáticas extremas no Brasil, trouxe um cenário alarmante com a intensificação de incêndios na Amazônia. Conforme previsto pelos meteorologistas, as altas temperaturas e a baixa umidade contribuíram para o agravamento dos focos de incêndio, gerando consequências que já são sentidas em várias partes do país.
No pior dia de queimadas do ano, entre domingo e segunda-feira, foram registrados 3.432 focos de calor na Amazônia, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A fumaça desses incêndios, transportada por ventos em um corredor atmosférico, percorreu milhares de quilômetros, atingindo estados do Sul do Brasil. A Empresa de Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) e a MetSul confirmaram a presença da fumaça nas regiões afetadas, trazendo preocupações adicionais sobre a qualidade do ar e a saúde pública.
Efeitos Climáticos e Sociais
Rafael Franca, Coordenador do Laboratório de Climatologia Geográfica da Universidade de Brasília, explicou que as temperaturas elevadas não se limitam a setembro, mas têm sido observadas ao longo de todo o ano, tanto nos invernos quanto nos verões. Segundo ele, "El Niño influenciou significativamente a última estação chuvosa, e com a seca atual, a situação dos rios amazônicos, como o Rio Madeira em Rondônia, se deteriora ainda mais."
Os impactos desses fenômenos vão além do meio ambiente. Em Rio Branco, no Acre, mais de 20 mil estudantes tiveram suas aulas suspensas devido à espessa cortina de fumaça que cobre a região. Medidas semelhantes foram adotadas pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e pelo governo de Rondônia, que cancelou o desfile de 7 de Setembro.
Alerta Laranja e Ação Judicial
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um alerta laranja para baixa umidade em 15 estados e no Distrito Federal, onde a umidade relativa do ar não deve ultrapassar 20%. Esta condição aumenta o risco de incêndios florestais e problemas de saúde, sendo recomendada à população a ingestão de líquidos, a redução de atividades físicas ao ar livre e o uso de hidratantes e umidificadores.
Em resposta à gravidade da situação, o Ministério Público Federal (MPF) entrou com uma ação civil pública contra a União, exigindo a liberação urgente de recursos para a contratação de brigadistas e a disponibilidade de aeronaves para combater os incêndios na Região Norte. A ação pede a contratação de 450 brigadistas e a mobilização de equipamentos e bombeiros de outros estados para conter a crise.
Com o agravamento das condições climáticas e o aumento dos focos de incêndio, o Brasil enfrenta um desafio crescente para proteger suas florestas e populações afetadas. A resposta eficaz das autoridades será crucial para mitigar os impactos ambientais e sociais desta crise.
Fonte: Correio Braziliense