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Maduro Antecipou as Festas de Natal na Venezuela: Celebração Prolongada Até Janeiro

Ditador ignora críticas da Igreja e decreta início das festividades natalinas com três meses de antecedência
  • Categoria: Internacional
  • Publicação: 03/10/2024 08:51
  • Autor: Redação

Na Venezuela, o regime de Nicolás Maduro surpreendeu mais uma vez ao decretar o início das festividades de Natal e Ano Novo em plena virada de setembro para outubro. Na última segunda-feira (30), durante seu programa de televisão, o ditador anunciou o início oficial das comemorações, que se estenderão até o dia 15 de janeiro, ignorando as tradições cristãs e críticas da Igreja Católica. Ao som da canção infantil "Corre Caballito", Maduro declarou: “Feliz Natal em paz e felicidade. Feliz Ano Novo e nos vemos nas ruas e praças”.

Esse gesto faz parte de uma estratégia política recorrente de Maduro, que, ao prolongar as festividades, busca criar uma atmosfera de celebração e distração coletiva em meio à grave crise econômica e social que assola a Venezuela. De acordo com o governo, a população está sendo incentivada a ocupar ruas e praças públicas com música, dança e festas, em uma tentativa de mascarar as dificuldades diárias e manter o moral elevado.

Natal em Outubro: Uma Crítica à Tradição Cristã

O anúncio antecipado das celebrações foi acompanhado por críticas à Conferência Episcopal da Venezuela, que havia lembrado que, de acordo com a liturgia cristã, o Natal é celebrado oficialmente no dia 25 de dezembro. Em resposta, Maduro, em tom desafiador, atacou os líderes religiosos, afirmando: “Alguns homens de batina saíram para dizer que há Natal somente se eles decretarem. Não, não, senhor de batina, você aqui não decreta nada. Jesus Cristo pertence ao povo, o Natal é do povo e o povo celebra o Natal quando quiser celebrar o Natal.”

Essa retórica, que tenta transformar uma tradição religiosa em uma manifestação popular controlada pelo regime, reflete a constante tensão entre o governo de Maduro e a Igreja Católica, que, nos últimos anos, tem sido uma das vozes mais críticas à sua administração. O líder chavista ainda acrescentou: “Nós temos que estar em celebração e felicidade, em festa permanente”, como se a celebração fosse uma espécie de anestesia coletiva em meio ao caos cotidiano.

"Proibido se Aborrecer": Um País em Festa Forçada

Maduro, ao lado de personalidades ligadas ao chavismo, deu mais um passo para criar um estado de euforia artificial, determinando que, entre 1º de outubro e 15 de janeiro, “está proibido se aborrecer”. Durante esse período, músicos populares e artistas internacionais, como Bonny Cepeda e Omar Enrique, foram convidados a se apresentarem em praças e eventos públicos, transformando o país em um palco de entretenimento constante. A tentativa é clara: desviar a atenção das dificuldades econômicas e políticas enfrentadas pela população, que lida com escassez de produtos, hiperinflação e um sistema de saúde em colapso.

Apesar da euforia que o governo tenta impor, a realidade do povo venezuelano é marcada por desafios diários. As prateleiras dos supermercados já exibem produtos típicos da temporada, mas, para muitos, esses itens estão fora de alcance devido aos altos preços e à falta de poder de compra da maioria da população.

Natal como Ferramenta Política

A antecipação das festas de fim de ano não é apenas um gesto isolado de excentricidade de Maduro, mas parte de uma estratégia mais ampla de controle social. Ao estender as celebrações por quase quatro meses, o regime tenta criar uma atmosfera de "normalidade festiva" em meio a uma das piores crises econômicas e humanitárias da história do país. Essa tática já foi utilizada em anos anteriores, com o governo promovendo festividades prolongadas como forma de manter o foco da população em eventos públicos e longe das dificuldades que enfrentam no cotidiano.

Com as eleições presidenciais previstas para 2024 e a posse de um novo mandato em 1º de janeiro de 2025, Maduro parece estar utilizando essas festividades antecipadas como uma maneira de reafirmar sua presença política e consolidar seu apoio popular. No entanto, para muitos venezuelanos, as luzes de Natal não conseguem apagar a dura realidade que enfrentam diariamente.

Reflexo da Crise e Resistência da População

Enquanto o governo decreta festas e celebrações, a população venezuelana luta para sobreviver em um cenário de hiperinflação, desemprego e insegurança alimentar. A antecipação das festividades pode até trazer algum alívio momentâneo, mas não soluciona os problemas estruturais que o país enfrenta. A tentativa de transformar o Natal em um evento controlado pelo regime é vista por muitos como mais uma forma de distração e controle político.

A Igreja Católica, apesar das críticas de Maduro, continua sendo uma voz de resistência. A Conferência Episcopal Venezuelana tem denunciado consistentemente os abusos do regime e a situação humanitária do país, mantendo-se ao lado do povo nas suas lutas e angústias.

Maduro, por sua vez, tenta manter as aparências de uma Venezuela em festa, enquanto, nos bastidores, o país continua a afundar em uma crise sem precedentes. O Natal, que deveria ser uma celebração de esperança e renovação, é transformado em mais uma ferramenta de manipulação política.

A antecipação das celebrações de fim de ano na Venezuela revela, mais uma vez, a habilidade do governo de Nicolás Maduro em transformar eventos culturais e religiosos em instrumentos de controle e propaganda política. Para muitos venezuelanos, no entanto, a dura realidade continua, e as luzes de Natal não conseguem iluminar um futuro melhor enquanto o país permanece nas mãos de um regime que utiliza o entretenimento como distração das verdadeiras questões que afligem a nação.

Fonte: Pleno News