Neste domingo (27), deputados de Olinda e Paulista, na Região Metropolitana do Recife (RMR), definiram em segundo turno os novos prefeitos para os próximos quatro anos. Com desafios urbanos históricos e novos problemas agravados pelas mudanças climáticas, as cidades enfrentam uma necessidade urgente de reestruturação em áreas-chave como a preservação do patrimônio histórico, infraestrutura urbana e adaptação a riscos climáticos, especialmente em áreas propensas a proteções e alagamentos.

Olinda: Preservação e Urbanização para Manter Identidade Histórica

Com uma população de aproximadamente 350 mil habitantes, Olinda se destaca por sua rica diversidade, englobando desde o sítio histórico tombado pela UNESCO até áreas de morro e orla urbana. Segundo Geraldo Marinho, arquiteto e urbanista que participou do Plano de Desenvolvimento Urbano Integrado da Região Metropolitana do Recife (PDUI-RMR), uma nova gestão terá um papel decisivo na garantia da preservação do sítio histórico. “A preservação desse patrimônio é essencial para manter viva a identidade cultural de Olinda”, destaca Marinho.

O sítio histórico de Olinda, protegido desde 1982, requer atenção constante para manter sua infraestrutura adequada ao turismo e à preservação cultural. No entanto, a área enfrenta problemas críticos de infraestrutura, que vão desde a conservação dos prédios tombados até à gestão do fluxo de visitantes. A cidade precisa de uma administração pública comprometida em investir nas melhorias possíveis para evitar o desgaste de um dos símbolos culturais mais importantes de Pernambuco e do Brasil.

Outro desafio em Olinda é a ocupação da orla, uma região que mistura conjuntos habitacionais populares e áreas nobres. Muitos desses conjuntos foram criados para atender à demanda habitacional, mas ainda enfrentam problemas como falta de regularização fundiária e deficiência de infraestrutura básica, como sistema de esgoto e abastecimento de água. “A orla precisa ser planejada para integrar as populações e melhorar a qualidade de vida dos moradores”, observa Marinho.

Morro de Olinda: Urbanização e Serviços Essenciais

Olinda também abriga comunidades de morro, com densidade populacional elevada e infraestrutura precária, semelhantes às áreas de encosta da Zona Norte do Recife. As ocupações nos morros, muitas vezes informais, são altamente vulneráveis ​​a penetraçãos e enchentes, problemas que se agravam com as mudanças climáticas. Nessas regiões, a falta de abastecimento de água regular, saneamento e serviços básicos tornam a vida dos moradores ainda mais difícil. “É uma região que exige uma atenção especial da nova gestão para atender essas demandas sociais”, explica Marinho.

Mobilidade e Impacto das Obras da PE-015

A mobilidade entre Olinda, Paulista e Recife depende em grande parte da PE-015, um eixo viário crucial que liga o Recife aos municípios da região norte da RMR, operando como corredor para cerca de 50 mil veículos por dia, incluindo o BRT Norte- Sul. A via está passando por obras de requalificação, com um investimento de R$ 175,5 milhões e previsão de conclusão ainda em aberto. Marinho ressalta que a requalificação da PE-015 é essencial para a mobilidade urbana, pois facilita a deslocação e reduz os problemas de congestionamento na região.

No entanto, como as obras ainda geram congestionamentos e dificuldades para os moradores que precisam se deslocar diariamente, exigindo uma atuação eficiente do governo para acelerar a finalização e garantir um trânsito mais fluido na região.

Canal do Fragoso: Solução em Meio à Expectativa e Crítica

Outro desafio significativo para Olinda é o Canal do Fragoso, uma obra que se arrasta há mais de uma década, com impactos diretos na gestão de enchentes. Projetado para resolver os problemas de desvio e escoamento de água das chuvas, o canal passou por diversas dificuldades de execução, o que acabou agravando os alagamentos em áreas próximas. Em julho deste ano, foi assinada a ordem de serviço para a fase final do projeto, com investimentos de R$ 118 milhões que incluem terraplenagem, pavimentação, drenagem, sinalização e alargamento do canal.

Marinho enfatiza que a conclusão do canal é fundamental para mitigar os impactos das chuvas, garantindo que o sistema de drenagem da cidade funcione de forma eficiente e previna os riscos de enchentes. A previsão de entrega é de 24 meses, o que gera expectativa entre os moradores, que há anos sofrem com os transtornos causados ​​pelos alagamentos.

Paulista: Preservação Ambiental e Crescimento Urbano

Assim como Olinda, Paulista enfrentou o desafio de equilibrar o crescimento urbano com a preservação ambiental. Uma cidade possui regiões de manguezais e áreas de proteção ambiental, que precisam ser preservadas para manter o ecossistema local e evitar enchentes e problemas de saneamento. O novo prefeito de Paulista terá o desafio de ampliar a infraestrutura sem comprometer as áreas de preservação e buscar alternativas para integrar a cidade de forma sustentável com o meio ambiente.

Perspectivas e Expectativas para as Novas Gestões

Com a finalização das eleições, as cidades de Olinda e Paulista aguardam ações imediatas das novas gestões para atender às demandas de suas comunidades. Em Olinda, o equilíbrio entre a preservação histórica e a modernização dos serviços básicos será crucial para garantir o desenvolvimento sustentável da cidade. Em Paulista, a proteção ambiental e a busca por soluções sustentáveis ​​são passos essenciais para enfrentar o crescimento urbano de forma adequada.

As duas cidades da RMR enfrentam desafios urbanos semelhantes a outras regiões metropolitanas do país, onde a rápida expansão urbana precisa ser acompanhada de infraestrutura, mobilidade eficiente e políticas públicas que respeitem o meio ambiente e o patrimônio cultural.

Fonte: Pleno News